+/- certo
“É melhor estar aproximadamente certo do que precisamente errado.”
A frase vem de uma reflexão do Warren Buffett em uma de suas cartas aos acionistas da Berkshire (essa é a leitura do momento e tem sido um divisor de águas na minha forma de ver o mundo).
Essa frase do Warren é uma crítica a uma geração de investidores teóricos que buscam colocar precisão matemática onde não precisa. Afinal, de que adianta olhar a variação dos preços das ações com matemática sofisticada se isso, em sua essência, não faz sentido?
Eu gosto dessa forma de ver o mundo. Especialmente porque, assim como os investidores teóricos do exemplo, eu já coloquei matemática em muitos lugares onde não fazia o menor sentido.
Vou dar um exemplo. Inspirado pelas melhores práticas do mercado, eu implementei o processo de feedback trimestral com matriz 9box na Mais Mu. Com esse processo, cada colaborador tinha um score e era plotado em uma matriz 9box, onde medíamos performance em um eixo e aderência a valores em outro. Contratamos até uma ferramenta pra nos apoiar nisso.
Esse processo rodou por anos até eu perceber que isso é uma excelente forma de trazer precisão para um lugar onde, pelo menos no nosso tamanho, isso não faz o menor sentido.
Na linguagem de Buffett, eu estava sendo precisamente errado ao invés de mais ou menos certo.
Pensa comigo: todo resultado vem da colaboração entre as pessoas. A colaboração depende da relação de confiança entre as pessoas. A relação de confiança deriva de conversas honestas e humanas.
É como se o mapa pra resultados em equipe fosse algo como:
veja o outro como um ser humano
se comunique com ele de forma honesta
fortaleça a confiança
colabore
tenha resultados
Ou seja, um processo de dar notas pra cada pessoa pode até ser funcional se você tem 1.000 colaboradores. Mas se você tem um time enxuto e de alta performance, o objetivo é gerar relações de confiança, não criar um score para cada colaborador.
A melhor forma de fazer isso não é com números, mas com conversas honestas e frequentes (que muitas vezes são desconfortáveis e evitadas). Nesse sentido o processo de feedback é uma excelente ferramenta, o problema é que quando a gente vê mais valor no score do que nas conversas de feedback. É isso que não me parece fazer sentido.
Pra mim, a análise de risco das ações dos investidores teóricos através de matemática sofisticada (beta etc.) é o equivalente ao score 9box dos colaboradores em uma empresa pequena ou média. É precisamente errado.
Para analisar ações ou trazer resultado pra sua empresa, é melhor estar mais ou menos certo. É melhor criar uma cultura baseada em confiança do que um ranking de pessoas no excel.
vaMU junto,
ps: tanto o excel de pessoas como a análise de risco com matemática complicada faz sentido quando você joga o jogo da larga escala. Ou seja, vê mercados ao invés de empresas ou tem times extremamente grandes em uma empresa.