para ver o grande, se veja pequeno
Eu me lembro de viajar com meus pais quando criança e ser convidado a apreciar a paisagem de praias e montanhas.
Não conseguia. Parar e apreciar as coisas era difícil demais.
Eu só queria brincar.
Também não conseguia apreciar a beleza da arquitetura quando íamos para cidades históricas.
Uma construção antiga, um monumento histórico, uma catedral centenária… tudo parecia normal. Até sem graça.
Algumas décadas depois, a ficha começa a cair.
É curioso como a gente só consegue apreciar a beleza das grandes coisas quando a gente se da conta da nossa pequenice.
Também é curioso que, quanto menor somos, menos damos conta do nosso pequeno tamanho e, justamente pela ignorância desse tamanho, não conseguimos apreciar a grandiosidade das coisas.
Quase uma década depois de ter criado a Mais Mu eu começo a ficar incrédulo com tudo o que vejo. Talvez isso tenha acontecido porque percebi o quão difícil é criar qualquer coisa nesse mundo.
É como se a gente só conseguisse dar valor aos frutos do trabalho duro, seja da natureza ou das pessoas, depois de muitos anos de trabalho duro.
Eu tô escrevendo esse texto em uma poltrona de um shopping, enquanto espero minha esposa pra voltar pra casa.
São pelo menos 6 andares de construção. Não tem nenhuma luz queimada aqui. São dezenas de lojas. Elevadores. Escadas rolantes. Tudo funcionando perfeitamente bem. É tanto trabalho condensado e o resultado disso é tão maior que qualquer coisa que eu posso sonhar em fazer que eu me percebo como ridiculamente pequeno.
E antes de dedicar anos da minha vida à criação de algo, eu achava um shopping algo normal. Paisagem. Só queria passar na loja de brinquedos.
A mesma coisa que eu percebo hoje sentado nesse shopping eu percebo quando vejo uma criança (e tem centenas de crianças morando no condomínio que nos mudamos).
A quantidade de esforço e dedicação dos pais com os filhos é surreal. E por anos eu sinto que fui (e sei que ainda sou) extremamente injusto com meus pais por ter tratado esse esforço todo como normal.
Talvez você já tenha navegado por esses pensamentos.
Talvez não.
De qualquer maneira, isso tem sido tão forte que não pude deixar de compartilhar aqui.
E fazendo justiça ao objetivo dessa newsletter, que é escrever sobre coisas que eu gostaria de ter lido antes, segue uma mensagem pro Otto do passado.
Se você acha tudo pequeno e sem graça, entenda que o pequeno é voce.
E, por mais irônico que possa parecer, quanto mais você cresce, menor vai se perceber.
O lado bom disso é que, no final, você vai conseguir apreciar a paisagem das prais, montanhas, cidades históricas e até de shopping centers.
vaMU junto,
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