Tem algumas coisas no mundo que eu gosto muito. O hambúrguer do Patties é uma delas (mas tem que ser o Original), assim como uramaki de atum (o lugar aqui importa menos, só não pode ter cream cheese). Também gosto muito de passear na rua com minha esposa, andar sem rumo vendo os bairros mais bonitos de São Paulo.
Outra coisa que eu gosto muito é de matriz 2x2.
Mas sempre que eu falo dessa paixão alguém diz algo como "Ah, mas essa é uma abordagem muito reducionista do mundo".
E a pessoa não está errada. Mas usar palavras para expressar sentimentos também é reducionista. Assim como contar histórias (especialmente as que a gente conta pra nós mesmos) também é reducionista. No final, dizer que você é reducionista por si só é quase o mesmo que dizer que você é humano.
O ponto é: essa abordagem reducionista nos ajuda ou atrapalha? Ela captura a essência das coisas ou se confunde no excesso de informações?
Racismo é uma abordagem reducionista ruim. Saber interpretar um sorriso como um sinal de felicidade é uma abordagem reducionista boa.
Pode doer aceitar isso, mas a gente precisa simplificar as coisas para poder lidar com as coisas.
Um exemplo de como simplificar de maneira assertiva pode nos ajudar a lidar com a infinidade de informações do mundo real é um mapa. Pega o waze, por exemplo. Ou o google maps, tanto faz.
Vou te dar duas opções aqui. Você pode escolher o tipo de mapa que quer ver. A imagem simplificada, que elimina o que não importa. Ou a imagem mais rica, que confunde o motorista ao não priorizar as informações. Como motorista, qual você prefere?
Óbvio né? Se você quer dirigir, a imagem mais simples, da esquerda, te ajuda muito mais.
Como dizem (ou como o Leo da Vinci diz), "a simplicidade é o mais alto grau de sofisticação". Mas, de nada adianta ficar falando do quão importante é simplificar ou do quanto eu gosto de matriz 2x2.
Bora pra um exemplo de matriz 2x2.
Uma das minhas matrizes 2x2 favoritas eu mesmo criei. Ou pelo menos eu nunca vi ninguém tratar essas variáveis desse jeito. Eu a cheguei nessa ideia analisando as minhas inseguranças e tentando ver o que me trouxe até onde eu estou.
Foi assim que eu percebi que um dos maiores fatores pra eu ter "dado certo" profissionalmente é eu ter topado ser o burro / esforçado ao invés de tentar viver o status de gênio / preguiçoso.
Eu a chamo esse modelo de matriz esforço X resultado. O melhor exemplo é o do aluno do colégio. O aluno é um arquétipo que pode facilmente ser transferido para o colaborador, empreendedor, marido, esposa ou qualquer outro papel. Eu escolhi esse porque é o mais ilustrativo que eu encontrei. Também é como eu me vi.
Vamos aos personagens da matriz. Imagino que você conheça alguém que sempre foi bem nas provas da escola sem nunca estudar. Aquela pessoa que era, pura e simplesmente, um "gênio". Imagino também que você conheça uma pessoa que sempre estudou muito. Ela mandava bem, mas isso não tinha tanto valor assim. Até porque ir bem é a obrigação de quem estuda muito, né? Bom, então vamos chamar esse personagem de "esforçado".
Agora, esses personagens são aqueles que tem "sucesso". Independente do esforço, eles iam bem. O primeiro não se esforça e vai bem. O segundo, se esforça e vai bem também.
Mas vamos ver agora quem não tem sucesso. Te apresento o "preguiçoso" e o "burro".
O "preguiçoso" era aquele que ia mal, mas sempre tinha uma excelente justificativa para sua falta de sucesso: ele nunca estudava. Ele ia mal, mas como ele não se esforçava, ele estava sempre de bem com a vida.
A preguiça protege o ego de ter que lidar com o resultado do seu esforço. É sempre melhor pro ego ser preguiçoso e não tentar, do que tentar e correr o risco de ser “burro”.
O personagem menos querido dessa história é, talvez, o mais especial. Eu digo isso porque o "burro" é aquele que se esforça, mas falha. É aquele que coloca o aprendizado na frente do ego. No limite, ele é um embrião do esforçado, um personagem que se preocupa mais com a evolução do que com o reconhecimento.
Mas tem uma pegadinha aqui. Enquanto a lógica do aluno funciona muito bem no curto prazo, ela não dura muito tempo.
No curto prazo resultado depende de muito talento / aptidão, alguma sorte e UM POUCO DE ESFORÇO.
No longo prazo resultado depende de MUITO ESFORÇO, algum talento / aptidão e um pouco de sorte.
No longo prazo o gênio tende a se tornar o preguiçoso. Essa é a maldição dos recursos abundantes. Ele colhe tanto fruto com tão pouco esforço que não tem incentivo para se manter competitivo. Uma hora ou outra a conta chega e a máscara cai. O que parecia genial era apenas um pouco de aptidão e sorte.
Também no longo prazo o burro tende a se tornar o esforçado, uma vez que ele aprende com as falhas e continua se esforçando.
No final das contas, o reconhecimento que importa só vem com muito esforço. E o esforço machuca o ego. Por isso é tão difícil fazer aquilo que a gente sabe que deve fazer.
É aquela velha história. Vencer não é tudo. Querer vencer é.
E o burro / esforçado é o único que quer vencer mais do que quer a vitória.
Ao longo dos anos essa matriz tem me ajudado a entender que meu inimigo tá em mim, não no outro. Que pra dar certo eu preciso me esforçar e topar machucar meu ego. Eu preciso topar ser o burro / esforçado e deixar de lado o desejo de ser o gênio / preguiçoso. Como falei lá em cima:
A preguiça protege o ego de ter que lidar com o resultado do seu esforço. É sempre melhor pro ego ser preguiçoso e não tentar, do que tentar e correr o risco de ser “burro”.
Espero que essa matriz te ajude a lidar com seu ego tanto como tem me ajudado.
Vamu junto e vamu longe, Otto
Mais um conteúdo TOP do nosso Ottávio, muito bom =D Depois te conto onde eu "acredito" me encontrar aí nessa matriz. Abraçossss
Obrigado por tudo